A banalização do marketing

Há alguns anos, o Coaching se tornou o assunto do momento, e, onde quer que você olhasse, havia pessoas inspiradoras oferecendo cursos que, segundo elas, mudariam sua vida e fariam de você um milionário. 

Com o passar do tempo, as pessoas começaram a perceber que não era bem assim. Alguns poucos realmente continuaram sua trajetória dentro do Coaching como palestrantes ou coaches em áreas específicas. Outros transportaram o Coaching para dentro de seus universos e conquistaram destaque no que se propuseram. Mas não podemos afirmar que as pessoas enriqueceram; podemos, sim, dizer que o que aprenderam e passaram adiante permitiu expandir suas mentes para novas formas de pensar, de olhar para si mesmas e para o mundo. Assim, passaram a buscar novas formas de agir com foco em seus objetivos.

No entanto, o Coaching passou por um período de forte descrença e banalização devido à popularização forçada que experimentou, período do qual vem saindo aos poucos. Havia quem dissesse: – Ah, isso não é nada, existe um Coach em cada esquina. Ou ainda: – Isso é fraude para arrancar seu dinheiro com palestras motivacionais.

Por que tal descrença em uma profissão que comprovadamente mudou a vida de muitas pessoas? Porque, em algum momento, algumas das técnicas utilizadas foram expostas como algo fácil, simples e que qualquer um poderia fazer para enriquecer. Quando a verdade é que não é bem assim, e os resultados provam isso.

Assim como qualquer profissão, ser Coach requer anos de estudo, muita capacitação e atualização frequente. Não é qualquer cursinho online de vinte e cinco reais que irá te transformar em um especialista. De acordo? Então, por que com o marketing seria diferente?

Vamos refletir rapidamente sobre o Coaching e a situação dele. Agora, criemos um paralelo entre ele e o marketing, seja ele na oferta de afiliados ou, por consequência, o marketing digital como um todo.

O marketing existe há mais de 500 anos. Porém, sob este termo, foi formalizado na década de 1940, após um artigo de Walter Scott. Ao longo dos anos, outros nomes surgiram e se aprofundaram ainda mais, tornando-se verdadeiros gurus, como Philip Kotler.

Do marketing, temos não só o marketing em si, mas também a publicidade e propaganda, que se distinguem, mas se completam. Conceitos e formas de atuação que têm sido unificadas grosseiramente e banalizadas pela popularização incorreta de termos e falsas promessas milagrosas.

Basta acessar a internet e, em poucos minutos, você verá anúncios prometendo renda extra, enriquecimento, fórmulas secretas para alavancar seu negócio, receitas mágicas para lucrar milhões, vender muito mais em menos tempo, ganhar dinheiro com o marketing de afiliados, aprender a criar conteúdo, descobrir os segredos do marketing. Sim, alguns anúncios vão direto ao ponto. Do outro lado, ministrando esses cursos, estão pessoas que não são profissionais habilitados em marketing, publicidade e sequer em propaganda, vendendo cursos “de R$6.000 por apenas R$29,90”, regados a técnicas de Coaching, pouco embasamento real da área e muitas fantasias, provavelmente aprendizes de outros cursos tais quais os que oferecem.

Bem diz o ditado: “de médico e louco, todo mundo tem um pouco.” Você concorda? Se sim, responda: você aceitaria ser atendido por um médico formado em cursos online como os do exemplo anterior? Provavelmente não. Se você soubesse que a formação de seu médico foi com professores não médicos, você não confiaria sua vida a ele. Então, por que confiar sua empresa nas mãos de “não” profissionais que se dizem especialistas em marketing? Por que confiar que irá aprender algo com quem, cuja única experiência são cursos tais quais os que oferece, ministrados por outros “não profissionais da área”?

Não há demérito algum em quem decide entrar para o mundo da publicidade e vê isso como um caminho inicial. Afinal, o mercado sempre terá espaço para novos profissionais. Fica a indagação: será este o caminho mais confiável? Veja bem, o mercado sempre terá espaço para novos profissionais.

A mesma vulgarização que aconteceu com o Coaching tem ocorrido com o marketing, e como resultado, milhares de “eugências” (agências de uma só pessoa) têm surgido. Pessoas, habilitadas ou não, de outras áreas, que, em algum momento, iludidas por cursos repletos de promessas, sentiram-se prontas para vender conteúdo e atender clientes oferecendo criação de conteúdo, consultoria e cursos. Mas, que conteúdo? O bê-á-bá do marketing, que se encontra facilmente na internet, maquiado com técnicas de Coaching e promessas de sucesso ou fantasias de enriquecimento?

Com isso, as profissões voltadas à área têm sido banalizadas. O mercado publicitário está cada vez mais saturado e invadido por amadores. Certamente, o tempo fará o filtro. Quem ficará? Os que se dedicaram de fato e se especializaram de verdade na área, com qualidade.

Mas, e quanto aos clientes que têm sido captados por essas pessoas? Depois de serem iludidos por números maravilhosos durante a “lua de mel” no início do atendimento, eventualmente terão prejuízos e desacreditarão do marketing. Alguns entenderão que o problema não estava nas redes sociais ou no marketing como um todo, mas na escolha de profissionais que não eram devidamente capacitados.

Diante de tudo isso, cada vez mais vemos a necessidade de aplicar compliance em todos os setores, inclusive na publicidade e propaganda. Principalmente, nas escolhas que você fará por empresas e profissionais para atender sua empresa.

Uma certeza permanece invicta: não há espaço para amadores que não deixam de ser amadores. Assim como o Coaching teve sua ascensão e hoje navega em mares mais tranquilos e selecionados, o marketing seguirá o mesmo caminho. Afinal, os novos magos do marketing não competem com os verdadeiros profissionais da área e agências de comunicação habilitadas. Apenas ajudam a selecionar o mercado e assumem um papel de educadores, preparando empresas para ascender e contratar profissionais habilitados, pelo valor justo, para obter resultados verdadeiros.

Quando a árvore chacoalhar, quais serão os profissionais e as agências que permanecerão nos galhos para serem escolhidos por sua empresa?

Autora: Thais Paolucci