Só te falta percepção. Não te falta empatia. Perceber o outro é diferente de sentir empatia por ele. Para sentir empatia é preciso perceber primeiro.

Percepção é a mais difícil das tarefas ao se relacionar. Perceber o outro é o que lhe permitirá respeitar seu espaço individual, reconhecer os esforços, vislumbrar o futuro, planejar com igualdade e vivenciar um relacionamento isento de cobranças, ilusões e inseguranças.

A você falta percepção. Perceber que ser invasivo e abusivo não é apenas ofender ou manipular de forma aberta. É também ter atitudes disfarçadas de amor, mas que manipulam do mesmo jeito e afastam o outro da essencia daquela alma. É criar no outro o sentimento de culpa pelos teus sentimentos não amadurecidos. É responsabilizar o outro pela tua felicidade, ou pior, tua infelicidade. Enquanto isso depende exclusivamente de você. Ser abusivo não é apenas buscar o controle manipulando o outro. É também desfazer dos esforços, dos sentimentos e do comprometimento que lhe é entregue. É precificar o amor e quantificar a presença.

Então, realmente não te falta empatia. Você não precisa se colocar no lugar do outro para ver como ele e entende-lo. Precisa apenas percebe-lo como realmente é. Retirar de cima do outro as tuas ilusões, teus desejos, a responsabilidade por faze-lo feliz, a fantasia da perfeição que você forjou e as expectativas que espera ter atendidas. É percebe-lo como humano, passível de erros e acertos, que se entrega e te ama, que vive ao teu lado, dia após dia, sem planos além da alegria dentro desta união.

Seja mais leve, mais perceptivo, mais amoroso, menos interessado nos resultados e valorize mais o momento, a presença, o carinho, as possibilidades que existem e não as que poderão existir quando estiver do seu jeito. Porque meu amigo, não será assim. Nunca estará do seu jeito. Nunca será o bastante para você. Nunca. E isso é algo que você precisa resolver internamente. Não cabe, coube ou caberá a ninguém.

A você talvez falte inteligência para se perceber e capacidade de se aceitar. Afinal, busca fora a perfeição que não enxerga dentro.

Boa sorte!

_{Autora: Thais Paolucci}